12ª Edição
Tradução Marina Appenzeller
Campinas, SP: Papirus, 1993.
"Sem pretender de forma alguma fazer uma análise completa (será que alguma vez ela foi de fato feita, aqui menos do que em outra parte?) dessas Equivalências nebulosas, gostaria contudo de me demorar em alguns aspectos dessas chapas e torná-las uma forma de emblema final, ou seja, fechar com nuvens este livrinho, da mesma forma que o abri com o autorretrato de Michael Snow. Entre Authorization e Equivalents estão de certa maneira todas as apostas do ato fotográfico que serão reveladas." p. 200 e 201
" A operação de (re)enquadramento interno, que vem inscrever o recorte quadrangular na figura circular, faz-se de início por um dispositivo mecânico, funcional, totalmente simples, que foi introduzido com esse intuito na caixa entre a objetiva e a película sensível: é o que chamamos, não por acaso, a janela. É ela que é o verdadeiro embreante da relação entre espaço representado e espaço de representação. Ela é um operador central que define, por sua circunscrição quadrangular, uma estruturação espacial absolutamente fundamental. Ela se encontra, aliás, por toda a parte na prática fotográfica, em que não cessa, sob todos os tipos de formas, de repetir o gesto do enquadramento (ou do retangulamento) em todas as etapas do processo: janela na câmara com telêmetro, espelho e visor nas câmeras reflex, janela nos ampliadores, marginadores para os papéis e até nas molduras nos emolduramentos para exposição: nada além de retângulos e quadradados que se duplicam ao infinito." p. 211 e 212
" Didi-Huberman: 'Não se via quase nada, isto é: já se via algo além de um nada nesse quase. Via-se, portanto, de fato, algo' " p. 224
"Enquanto as imagens, que na maioria das vezes são signos simbólicos, alegóricos, compósitos, só são colocadas num lugar por um tempo, os lugares permanecem na memória. As imagens que neles depusemos, na medida em que não precisamos mais lembrar-nos delas, apagamo-las. E os mesmos lugares podem ser reativados para receber um outro conjunto de imagens destinado a um outro trabalho de memória." p. 315
"A foto? Não acreditar (demais) no que se vê. Saber não ver o que se exibe (e que oculta). E saber ver além, ao lado, através. Procurar o negativo no positivo, e a imagem latente no fundo do negativo. Ascender da consciência da imagem rumo à inconsciência do pensamento. Refazer de novo o caminho do aparelho psíquico-fotográfico, sem fim. Atravessar as camadas, os extratos, como o arqueólogo. Uma foto não passa de uma superfície. Não tem profundidade, mas uma densidade fantástica. Uma foto sempre esconde outra, atrás dela, sob ela, em torno dela. Questão de tela. Palimpsesto." p.326.
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